O governo do estado de São Paulo anunciou nesta quarta-feira (5), em coletiva de imprensa, o plano de vacinar todas as crianças de 5 a 11 anos no estado em três semanas com pelo menos uma dose contra a covid-19. Segundo o governador João Doria (PSDB), o estado tem capacidade de aplicar 250 mil imunizantes em crianças por dia.
Ainda de acordo com Doria, a vacinação das 4,3 milhões de pessoas desta faixa etária já poderia começar “imediatamente”, mas depende da liberação das vacinas da Pfizer, compradas pelo Ministério da Saúde.
A vacinação deste grupo, com este imunizante, foi autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 16 de dezembro, mas o governo federal abriu consulta pública sobre o tema e vem protelando o início da campanha. O Ministério da Saúde defendeu a obrigatoriedade de prescrição médica para a vacinação desta parcela da população. Mas a maioria dos participantes da consulta pública rejeitou a proposta, assim como médicos e secretários de Saúde (veja o detalhamento sobre a questão da prescrição no tópico ‘Esquema vacinal’, mais abaixo).
“O governo de São Paulo elaborou um plano de imunização com pelo menos uma dose para todas as 4 milhões de crianças de 5 a 11 anos do estado”, declarou Doria. Todo o contingente receberia pelo menos uma dose em até três semanas. O plano estadual prevê:
- Assim que as doses forem enviadas, a vacinação deverá ser iniciada com as 850 mil crianças com comorbidades, quilombolas e indígenas.
- Depois, escalonadas por idade.
“Toda a logística – e infraestrutura – do governo do estado foi planejada ainda no final do ano passado e está preparada para começar a vacinação das crianças imediatamente, desde que o Ministério da Saúde envie as vacinas para esta imunização”, afirma o governador.
O secretário-executivo da pasta estadual da Saúde, Eduardo Ribeiro, disse que “rapidez é fundamental” na vacinação do público de 5 a 11 anos. “Já tivemos mais de 2,5 mil casos de internações graves [por covid] em crianças, e destas, 93 perderam a vida. Mais do que cada dia importa, aqui cada vida importa.”
Para o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, “é clara e nítida a importância da vacinação da faixa etária pediátrica. Nós já vimos o quanto a vacinação se mostra eficaz em todas as variantes, na proteção de formas graves, internações e mortes, tanto na delta quanto agora na ômicron.”
⠀
DEPENDÊNCIA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
O plano do governo paulista depende, no entanto, do envio das vacinas pelo Ministério da Saúde. Por contrato, a Pfizer, única farmacêutica liberada para vacinar crianças no Brasil, só pode vender para o governo federal, que resistiu a iniciar a vacinação infantil.
Apesar da protelação, o governo federal finalmente anunciou ontem, depois da coletiva de SP, a inclusão de crianças de 5 a 11 anos no plano nacional de operacionalização de vacinação contra a covid-19.
As primeiras doses de vacinas pediátricas da Pfizer deverão chegar ao Brasil no dia 13 de janeiro. Está prevista uma remessa de 1,2 milhão de doses do imunizante.
O Brasil receberá, no primeiro trimestre de 2022, 20 milhões de doses destinadas a este público-alvo, que é de cerca de 20,5 milhões de crianças. O Ministério da Saúde receberá, ainda em janeiro, um lote de 3,74 milhões de doses de vacina.
“Não faltará vacina para nenhum pai que queria vacinar seus filhos”, disse o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O secretário executivo do órgão, Rodrigo Cruz, informou que outras 20 milhões de doses foram reservadas. O envio está condicionado à confirmação pelo laboratório e pelo andamento do ritmo de vacinação.
⠀
ESQUEMA VACINAL
O esquema vacinal será com duas doses, com intervalo de oito semanas entre as aplicações. O tempo é superior ao previsto na bula da vacina da Pfizer. Na indicação da marca, as duas doses do imunizante poderiam ser aplicadas com três semanas de diferença.
Segundo o Ministério da Saúde, será preciso que a criança vá vacinar acompanhada dos pais ou responsáveis ou leve uma autorização por escrito.
O Ministério também recomendará uma ordem de prioridade, privilegiando pessoas com comorbidades e com deficiências permanentes; indígenas e quilombolas; crianças que vivem com pessoas com riscos de evoluir para quadros graves da covid-19; e em seguida crianças sem comorbidades.
A obrigação de prescrição médica para aplicação da vacina não foi incluída como uma exigência, conforme foi ventilado por membros do governo durante as discussões nas últimas semanas. Mas o Ministério sugeriu que os pais procurem profissionais de saúde.
Questionado por jornalistas se essa recomendação não desestimularia os pais a levarem os filhos para vacinar, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, respondeu afirmando que isso deixaria os pais mais “seguros” para decidir sobre a imunização.
⠀
*Com informações de UOL e Agência Brasil.