Entre medo da pandemia e movimento antirracista, Tulsa se prepara para comício de Trump


Estimativa é de que mais de 100 mil pessoas sigam para Tulsa para acompanhar 1º evento de campanha de Trump desde o início da pandemia. Imagem de 2 de março mostra discurso do presidente Donald Trump em evento de campanha em Charlotte, na Carolina do Norte, nos EUA
Evan Vucci/AP
O presidente Donald Trump realiza neste sábado (20) seu primeiro evento eleitoral desde o início da pandemia do novo coronavírus em Tulsa, no estado de Oklahoma. O clima é de tensão de um lado por causa do risco de disseminação de Covid-19 por causa da aglomeração no BOK Center, que pode receber até 19 mil pessoas.
ANÁLISE: Comício da desunião
A estimativa é a de que mais de 100 mil pessoas sigam para Tulsa entre sexta (19) e este sábado, em um momento em que o estado de Oklahoma sofre um aumento nos casos de Covid-19. Para complicar ainda mais a organização do evento não vai obrigar os participantes a usarem máscaras.
De outro, por causa da história da cidade que Trump escolheu para retomar sua campanha eleitoral: Tulsa foi palco, em 1921, de um dos confrontos mais marcantes da violência racial no país. No confronto, 300 pessoas morreram e milhares ficaram desabrigadas após o ataque de uma multidão branca a casas e lojas de uma comunidade negra conhecida como “Black Wall Street”.
A escolha é considerada uma afronta ao movimento negro, em um momento em que o país enfrenta os reflexos dos protestos pela morte de George Floyd, que foi asfixiado por um policial branco em Minneapolis, em 25 de maio.
Inicialmente, a proposta de Trump era fazer o comício na sexta-feira (19), o Dia da Liberdade, quando os EUA comemoram a abolição da escravidão no país, que ocorreu em 1865. Porém, ele foi convencido a adiar para amenizar o clima na cidade, que tem um prefeito do mesmo partido de Trump.
Fim do toque de recolher
Grupo ouve palestrantes em Tulsa, Oklahoma, na sexta-feira (19), dia em que os Estados Unidos lembram o fim da escravidão
Sue Ogrocki/AP
As autoridades esperam que manifestantes contrários a Trump saiam às ruas, o que tem potencial para criar confrontos. Barreiras foram instaladas para evitar que manifestantes se aproximem do local do evento.
O republicano G.T. Bynum anulou o toque de recolher que vigorava na cidade na sexta e no sábado para acolher o comício. Para justificar a medida, o prefeito afirmou ter informações sobre a possível chegada de “indivíduos de grupos organizados que foram envolvidos em episódios violentos e destrutivos em outros estados” à cidade.
O presidente também fez um alerta no Twitter sobre os “manifestantes, anarquistas, assaltantes e criminosos que vão para Oklahoma”.
“Devem entender que não serão tratados como em Nova York, Seattle ou Minneapolis. Será muito diferente!”, escreveu o presidente, referindo-se aos protestos por vezes violentos que ocorreram recentemente nessas cidades.