Giulia Be se solta em 1º disco, após virar hit em Portugal, cantando pop com colagens de sons


Ao G1, cantora de 20 anos fala do EP de estreia, que tem ‘Menina solta’ e outras cinco músicas curtas e pessoais. Ela explica referências, que vão de Judy Garland a Billie Eilish. O tema da festinha de quatro anos de Giulia Bourguignon Marinho foi “O mágico de Oz”, o filme de 1939 estrelado por Judy Garland.
Dezesseis anos depois, Giulia Be segue pensando na atriz e cantora americana. A capa do primeiro EP dela, “Solta”, é inspirada no filme “Nasce uma estrela”, na versão com Garland, de 1954.
A paixão de Giulia por filmes vintage, porém, não tem tanto a ver com o som dela. O primeiro lançamento de mais fôlego da cantora carioca de 20 anos fica entre a quentura de Anitta e a doçura do Melim.
Giulia começou em 2017, com covers no YouTube, mas foi no ano passado que passou a ser mais falada. Foi quando saiu “Menina solta”, hoje com quase 180 milhões de audições nos serviços de streaming e 100 milhões de views no YouTube.
Em Portugal, no começo de 2020, a música ficou três semanas no primeiro lugar do Spotify. Giulia também gravou uma versão em espanhol. “Chiquita suelta” foi parar em rankings de hits virais de países como Argentina e Colômbia.
Na regravação, teve “aulas” com o porto-riquenho Jean Rodriguez, em um estúdio de Miami, nos EUA. Ele foi o cara que ensinou Beyoncé a cantar a parte dela em “Mi Gente”, na parceria com J. Balvin.
Além de sons latinos e nostalgia hollywoodiana, Giulia diz que aposta em um tal de “bedroom pop”. O som caseiro de artistas como Billie Eilish e Rex Orange County, cheio de colagens, faz a cabeça da menina solta: “Esses dois artistas estão muito nas minhas playlists”.
Na entrevista ao G1, a cantora comenta essas referências, misturando um bocado português e inglês. Filha dos empresários Paulo Marinho e Adriana Bourguignon, Giulia tinha costume de ver filmes sem legendas com a mãe e passou parte da infância fora do Brasil.
O primeiro single, “Too Bad”, já havia deixado claro que ela consegue se soltar em outros idiomas. “A minha voz é diferente em todas as línguas. Eu não controlo isso e nem forço. Tem muito gente que fala ‘ai, a Giulia Be força a voz nananam’. É… acontece”, diz ela, rindo timidamente.
Leia abaixo a entrevista com Giulia Be.
Capa do EP ‘Solta’, de Giulia Be
Divulgação/Warner
G1 – Todas as músicas do EP têm uns dois minutos. Por quê? Já li que esse tamanho aumenta a chance de uma canção ir bem no streaming, e sei que você (além da parte artística) gosta de pensar na música pop como uma fórmula, como produtores do suecos do pop fazem (Max Martin, por exemplo). Tem algo a ver com isso?
Giulia Be – Não necessariamente foi algo pensado em fórmula. Sou muito menos estudada do que o Max Martin… [Risos] Mas é que, genuinamente, eu nunca gostei de música longa. Eu só gosto de música longa quando é “Ordinary People”, do Neil Young, que é tipo infinitamente longa, tem tipo 14 minutos aquela música. Ou música de sete minutos, com solo de guitarra. Minha música preferida é “Year of the cat”, do Rod Stewart, que tem acho que 6 minutos e 20.
Mas eu sempre gostei muito de música curta. As minhas favoritas dos Beatles sempre foram as mais curtas. E isso foi muito antes de existir fórmula pop ou streaming. “Yesterday” tem menos de três minutos. “Eleanor Rigby”, “Sgt Pepper’s” têm menos de três minutos. Eu acho que mais do que pensando em fórmula, é mais como você conta a história.
“Acho que tem uma coisa incrível em fazer as pessoas sentirem todos os sentimentos que você quer que elas sintam, em pouco tempo. Eu não planejo ter uma música com mais de três minutos, a não ser que tenha um vídeo, ou seja mais conceitual ou tenha solos de piano, guitarra, saxofone. Que aí vai ter sete minutos [risos].”
G1 – O arranjo de ‘Recaída’ tem a repetição das suas risadas, parece uma colagem, ou uma música gif, praticamente. Concorda que tem um pouco essa ideia nela? E que isso acaba dando a ideia de recaída, de repetição?
Giulia Be – “Recaída”, a gente já tinha até desistido dela… Foi uma música de erros e acertos. Essa versão final é tipo a terceira ou quarta versão. E ficou perfeita, “third time is the time”. Eu queria que tivesse essa coisa “up”. Mas queria instrumentos de verdade e não eletrônicos, sabe? Ela tinha que se encaixar com o resto do EP, mas tinha que ter a própria “vibe” dela e eu acho que a gente conseguiu isso. Eu amo a linha de baixo que a gente conseguiu descobrir.
Sobre as risadas, na hora de mixar, eu acabo me envolvendo e eu queria que fosse uma música leve. Queria contar do ponto de vista de uma coisa mútua de um casal de “exes” que sabe que eles são a melhor opção um pro outro, pra esse momento de prazer pros dois. Não envolvendo talvez os sentimentos… Não foi de propósito que eu repeti essas risadas. Mas eu queria que fosse uma música engraçada, queria envolver as pessoas, sabe?
G1 – O quanto Billie Eilish, Rex Orange County e um certo ‘bedroom pop’ são inspirações pra você? Pergunto isso porque, como esses artistas, seu EP tem esse som de colagens, de uso de sons não tão convencionais.
Giulia Be – Nossa, esses dois artistas estão muito nas minhas playlists. Do Rex, eu amo “Apricot Princess”, é uma das minhas preferidas. Eu acho genial essa música, o jeito que ela vai se desenvolvendo. Eu gosto do som de colagens não convencionais, porque traz uma coisa única, não é algo que o produtor pode pegar e fazer um sample.
Eu acho incrível plataformas que dão acesso a sons para muita gente, mas eu acho que tem uma coisa artesanal de botar sons que são exclusivamente seus nas músicas. Em “(Não) era amor” tem uma parte da percussão que sou eu no beatbox [faz um trecho]. A gente ficou uma hora procurando o barulho certo, e nada a gente gostava.
“Eu gosto disso, acho que eu me inspiro em artistas desse “bedroom pop”. É um estilo, eu gosto de música com detalhes pessoais que ninguém vai fazer igual. Minha boca faz [imita um som de batida] e a boca da outra pessoa vai fazer diferente esse mesmo som [risos].”
G1 – Como foi gravar ‘Chiquita Suelta’? Por que fazer isso?
Giulia Be – “Chiquita Suelta”, na verdade, eu era a mais contra no começo. Porque, sei lá, versões de músicas têm que ser mais planejadas. Quando Shakira grava a versão, ela já grava o clipe junto. São versões pra dar certo. É muito difícil traduzir uma música e ficar boa.
“Confia em mim, eu já tive muito que traduzir as minhas músicas que eu reescrevi do inglês pro português”. Ou uma música em português que a galera falou: “Ah não, essa seria melhor em inglês”.
Eu fiquei muito reticente no começo, até porque o espanhol não é uma língua que eu estou tão acostumada. É a mais recente que eu estou aprendendo. Mas eu confesso que quando eu escrevi o primeiro “draft” de “Chiquita Suelta”, eu senti uma coisa muito especial ali. Eu senti que era uma história que eu queria contar em espanhol e eu não sabia disso até fazer, sabe?
G1 – Como foi a gravação?
Giulia Be – Eu fui gravar em Miami com um produtor local, o Jean [Rodriguez], que já gravou com Anitta, Beyoncé… esse cara é muito, muito incrível. Acabou ficando melhor do que eu esperava. Chegou uma época que eu até preferia em espanhol do que em português. Aí tem hora que eu prefiro em português, vai variando. Eu fiquei muito feliz com o resultado e com o êxito que ela está tendo nas plataformas. É uma boa maneira de me apresentar para esse mercado que é muito novo pra mim. Ainda pretendo lançar outras coisas em espanhol e em inglês. Foi uma aventura, eu adoro. [Risos]
Eu acho que a história manteve a essência da música e isso foi um feeback que eu recebi de muita gente. É diferente você fazer uma música do zero em espanhol ou fazer uma versão. Mas se eu tentasse escrever “Chiquita Suelta” do zero, não teria conseguido. Eu tive que escrever “Menina Solta” e traduzir para começar a entender como é meu DNA como compositora em espanhol. Agora, estou escrevendo músicas em espanhol inéditas, do começo.
Giulia Be
Yasmin Dib / Divulgação
G1 – O que você acha que muda na música com a letra em espanhol? Eu fiquei impressionado como funcionou a troca, mas deixou mais intensa, parece mais dramático. Talvez seja clichê dizer isso, mas concorda?
Giulia Be – Um lado meu concorda, mas hoje em dia eu estou tão acostumada com a versão que eu não sei. Tem vez que eu estou cantando em português e entra a versão em espanhol do nada. “Mientras ele dormia, mal ele sabia” [risos], eu vou misturando.
Mas eu concordo. Por conta do clipe, o audiovisual conta muito. Como eu não tive a oportunidade no clipe de “Menina Solta” original de contar aquela história, eu queria que o espanhol fosse um pouco mais caricato, contando a história dessa menina, sabe? Aquela menina com vestido vermelho e o olho de gato, dançando com os meninos, eu queria que tivesse essa pegada.
Mas eu cheguei à conclusão de que a minha voz é diferente em todas as línguas. Eu não controlo isso e nem forço. Tem muito gente que fala “ai, a Giulia Be força a voz nananam”. É… acontece. [risos] Eu gostei do jeito que a minha voz ficou ali.
G1 – ‘Menina solta’ entrou no top 10 brasileiro do streaming, foi bem em rádios. Mas foi em Portugal que você conquistou seu primeiro hit número 1. Como é ter um sucesso no topo das mais ouvidas em Portugal?
Giulia Be – Foi muito chocante pra mim e eu fiquei muito grata. E além de ter uma música de sucesso lá, eu tive uma conexão muito forte com os fãs portugueses. Eu tenho muito fã de Portugal que eu converso. As “time zones” não se encaixam sempre. Mas eles escutaram o EP e estão todos mandando opiniões no grupo de fãs portugueses.
Quem é Giulia Be, cantora que foi de fã incentivada pelo Maroon 5 no Rock in Rio a atração do festival em 2019
G1 – Você pensou que poderia ter um hit número 1 primeiro fora do Brasil?
Giulia Be – Cara, bem sincera, eu nunca imaginei. Portugal pra mim é um país que eu lia nos livros de história. E eu já tinha visitado de férias. Por ser na Europa, eu nunca imaginei que “Menina Solta” fosse ter o sucesso que teve lá. E tive um número um quando estava em Portugal. Então, foi coisa de Deus, sabe? O universo sorrindo pra mim, se unindo praquilo acontecer. Eu estava em Portugal fazendo promo pra música e ela virou número um. Então foi muito, muito especial. Quando eu botei o pé em Lisboa, eu falei “eu não saio daqui até essa música ser número um”. Porque ela já estava em número 3, número 2, há muito tempo. Eu fiquei muito chocada.
E eu acho que talvez a recíproca não seja verdadeira, sabe? Eu acho que o Brasil não recebe tanto [músicas] de Portugal quanto Portugal recebe as do Brasil. Portugal tem artistas incríveis também, que eu queria que tivessem mais visibilidade. E tento fazer que tenham, sempre divulgo o trabalho de amigos que fui fazendo ao longo dessa caminhada.
G1 – Com quais produtores você trabalhou no EP?
Giulia Be – Na verdade, eu só trabalhei com um produtor nesse EP, que foi o Paul Raulphes [galês que já trabalhou com Kid Abelha, Skank e muitos outros]. O Paul mudou a minha vida. Ele escutava as minhas composições em inglês e entendeu a visão que eu tinha pra minha carreira. Ele é muito tranquilo. A gente bateu muito o santo desde o primeiro momento. Eu sou muito artista, dramática, principalmente no estúdio, que é onde eu tenho que mais me doar emocionalmente. E ele é, de certa forma, um alicerce, que “keeps me grounded”, que me deixa forte, me encoraja.
Ele me ajudou a encontrar a minha identidade mais do que tudo, sabe? Ele entendia as minhas referências antes mesmo de eu falar, sabia o que eu estava pensando. E mais do que tudo, diferentemente de muitos outros produtores com quem eu trabalhei antes, ele respeitava enquanto artista e enquanto mulher.
G1 – E como foi trabalhar com ele neste EP?
Giulia Be – Muitos produtores são donos da verdade e por eu não ser formada em produção… Eu nem sei se amadora é a palavra certa, acho que é menos do que amadora, porque eu ainda estou me descobrindo no universo de produção. Mas ao mesmo tempo eu sei como eu quero que a minha música soe no ouvido das pessoas. Então, ele respeita muito, sabe?
O exemplo do beat box que eu dei: “ah, eu quero tentar mandar um beat box nessa parte”. A maioria dos produtores iria falar “peraí, o que você está falando menina? vai poluir o som”. Só que não. Ele falou: “vamos tentar, tira aí toda a percussão que eu acabei de passar duas horas fazendo e vamos deixar a Giulia fazer um beat box”. Quando eu fiz, ficou bom e eu gostei, ele reconheceu: “Realmente, está melhor. Vamos seguir assim”. Isso demanda uma humildade e um desapego ao seu ego que tem muito homem no mercado da música que não consegue ter.
O Vitor que foi um coprodutor em “(Não) era amor”, é um amigo meu que eu conhece há uns dois anos já, talvez três. A gente se conheceu fazendo um soundtrack que nunca saiu pra um projeto do Caio Castro que se chamava “Nômades”. “(Não) era amor” ele me mostrou um loopzinho [imita o loop] no violão. Ele só tinha isso. A gente sentou pra escrever uma música pro Lucas Lucco e ele foi cortar o cabelo. Nisso que o Vitor foi cortar cabelo, uma amiga me ligou, eu tive inspiração pra música. Ele voltou e uma hora depois eu já tinha escrito a música toda.
Depois de cantar no palco Sunset, Giulia Bê curte camarote no Rock in Rio
Marcos Serra Lima/G1
G1 – Por conta do distanciamento social e da Covid-19, os artistas estão buscando soluções para gravar clipes e você fez isso. Como foi a experiência com seus clipes?
Giulia Be – Realmente, a gente teve que dar um jeito de se adaptar à essa nova realidade. Não só pelo clipe, mas para finalizar o EP eu tive que mudar algumas coisas. Teve uma faixa que caiu, porque faltavam alguns vocais e eu não tinha como gravar. Mas, enfim, é um papel do artista agora manter as pessoas felizes e com amor no coração.
Sobre o meu clipe, a gente se adaptou. [risos] Originalmente, o clipe de “Recaída” e o de “(Não) era amor” eram coisas mais produzidas. Pelo conceito do EP ser baseado em filmes de Hollywood antigos, eu queria todos os clipes com ares de superprodução, com equipe grande, com locação grande. Mas eu tive uma nova ideia pro clipe de “Recaída”, que eu acho que foi bem baseado em fatos reais e “quarentenais” mesmo. A equipe era eu. Eu era artista, produtora, make, figurinista. E o diretor era diretor, assistente, fotógrafo… [risos] Mas a gente deu um jeito.
G1 – Quais outros clipes de quarentena mais te impressionaram?
Giulia Be – Outros clipes que me impressionaram… obviamente, o do Drake, né? Porque é feito em casa, mas é aquela casa que é um castelo, então lógico que me impressionou. Também adorei o do Vitão com o Agir, de Portugal. Achei muito dinâmico, bem legal. O da Pocah com o PK… Tem o “Stuck with U” do Justin Bieber com a Ariana Grande. Achei muito, muito fofo. Muito genial a campanha deles para a doação e ter criado todo esse movimento de apaziguar quem tinha bailes de formatura marcados e não estão tendo por causa da quarentena.
G1 – Por que lançar o EP agora? Passou pela sua cabeça adiar?
Giulia Be – A gente foi vendo que é uma incerteza muito maior do que a gente pensava. Eu não pensava dois meses atrás, quando eu entrei em casa, que eu ficaria dois meses em casa. Principalmente no Rio de Janeiro, onde não é a minha casa há mais de um ano e pouco. Porque eu moro em São Paulo. Eu já escrevi essas músicas há tanto tempo, sou tão perfeccionista, demorou tanto pra chegar em um ponto que eu estava feliz com esse EP. Eu não queria mais aguardar, sabe?
Infelizmente, a gente não vai poder fazer turnê agora. Mas quando puder a gente vai ter mais música lançada ainda… Você está ouvindo o álbum da Dua Lipa pra melhorar sua quarentena, ok? Ele tem a Dua Lipa, tem as pessoas por trás do conceito visual, o produtor, o engenheiro de mix. São muitas pessoas envolvidas.
Eu tenho um padrinho internado e tem outras pessoas que eu conheço que faleceram, é um momento horrível pra todo mundo. E eu que eu puder fazer pra inspirar sorrisos e trazer arte e coisas bonitas pro mundo e fazer meu papel como cidadã e artista nessa loucura toda que a gente está vivendo… eu farei. Foi uma das razões que eu quis manter o lançamento.
Projota canta “Cobertor” com Giulia Be no Rock in Rio
G1 – O título do EP tem a ambiguidade de ser ‘Solta’ adjetivo ou como a terceira pessoa do presente? Desculpe ser meio pernóstico, mas isso foi pensado?
Giulia Be – Nossa, eu amo a palavra pernóstico [risos]. Solta, solta… Eu decidi que ia ser solta em outubro, antes até de ter as músicas prontas. Até tatuei, quando eu estava em Nova York. Solta pra mim virou uma palavra de muita importância. Quando eu escrevi “Menina Solta”, eu não imaginava que ia tomar a proporção que tomou.
“Mais do que sucesso, tem a troca que eu ganhei com as pessoas. As meninas que chegaram pra mim e falaram ‘nossa, isso me ajudou a superar isso’. ‘Nossa essa música, eu escuto tomando banho, me olho no espelho e me sinto uma gata, poderosa’. Isso não tem preço.”
Eu percebo que as pessoas começaram a olhar pra mim e me rotular como essa menina solta. Tem muita gente que ficaria “ai estou sendo rotulada por uma música só, nananam”. Mas pra mim é um orgulho. Eu sou solta, eu prezo pela minha liberdade, eu vivo a menina solta nas minhas escolhas. Eu sou livre pra amar do jeito que eu quero, livre pra fazer as escolhas da minha carreira. Liberdade de sentir sua vida, viver tudo, viver a dor, a felicidade, romantizar o dia a dia. Solta tomou essa conotação pra mim.
Eu estou longe de ser uma pessoa bem resolvida com autoestima e tudo mais. Tem dias que eu sinto uma gata e tem dia que eu me olho no espelho e penso: “Giulia, nossa senhora, o que aconteceu com você hoje”. Mas eu acho que é normal e uma luta que eu divido com a galera que me acompanha. Lógico que eu pensei que poderia ser “solta ou solta”, mas eu gosto de coisas com “double meaning”.
G1 – Poderia me contar como foi a ideia da capa inspirada em “Nasce uma estrela”? Por que se inspirou nesse filme e por que prefere a versão da Judy Garland, em vez da feita pela Lady Gaga? Chegou a ver as outras versões?
Giulia Be – Eu assisti a todas as versões do filme. Eu não necessariamente prefiro o da Judy Garland. Mas eu prefiro a estética do da Judy Garland e de todas eu pessoalmente prefiro a voz dela. Mas a voz da Lady Gaga é incrível. Pra mim é Judy Garland, Lady Gaga, Barbra Streisand. Todas são perfeitas, tá? [risos] Antes que você leve isso errado, pelo amor de Deus. Os fãs da Barbra Streisand vão vir acabar comigo…
Maratona ‘Nasce uma estrela’: G1 assiste aos 4 filmes
Eu não conhecia “A Star is Born”, eu assisti pela primeira vez no cinema a versão da Lady Gaga e eu chorei muito, todas as seis vezes que assisti no cinema e ainda comprei quando saiu. Eu já tinha entrado nessa estética de filmes vintage. Eu acho que estou vivendo uma parada bem de filme, poderia ser um filme a minha vida. Eu chorei muito, me identifiquei muito. Ah sei lá, eu fico “all in the feels”. E eu amei a capa do vinil da capa da Judy Garland. A capa do filme da Lady Gaga eu acho uó, mas o filme em si é maravilhoso. E “Shallow” não preciso nem falar, hino atemporal.
A Judy Garland sempre teve um lugar especial no meu coração. E eu amava “Wizard of Oz” quando era criança. Inclusive, minha festa de quatro anos o tema era “Wizard of Oz”, o “Mágico de Oz”, é que minha mãe morou a vida inteira fora do Brasil. Então ela só me deixava ouvir coisa em inglês quando eu era pequena, até pra treinar o inglês.
Veja o trailer do ‘Nasce uma estrela’ de 1954