Menina baleada no Rio: PM disponibiliza imagens de câmeras corporais

Eloah Passos, de cinco anos, foi atingida dentro de casa

Tiro disparado por policiais mata criança na comunidade do Dendê, no Rio de Janeiro. Foto: Rafael Henrique Brito/Rio de Paz

Imagens das câmeras corporais utilizadas por policiais militares no último sábado (12), quando a menina Eloah Passos, de 5 anos, foi morta ao ser atingida por uma bala, dentro de casa, serão analisadas pela Polícia Civil. A Secretaria de Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro confirmou a disponibilização das imagens, mas, questionada pela Agência Brasil, não informou de quantas câmeras se tratam.

Eloah foi atingida enquanto brincava dentro do quarto, no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro. O corpo da menina foi liberado pelo Instituto Médico Legal no domingo (13), e o enterro foi marcado para esta segunda-feira (14). 

A Secretaria de Polícia Civil informou que a investigação está em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). “Os policiais militares que participaram da ação foram ouvidos, e as armas apreendidas para exame de perícia. Diligências estão sendo realizadas em busca de testemunhas e outras informações para esclarecer os fatos.” 

A PM diz que, além de colaborar com a investigação da Polícia Civil, foi instaurado um procedimento pela corregedoria da corporação.

A morte de Eloah aconteceu poucas horas depois de Wendel Eduardo, de 17 anos, ter sido baleado e morto em ação do 17º Batalhão de Polícia Militar (BPM), da Ilha do Governador.  

Versão da PM 

A PM afirmou que durante patrulhamento na manhã do sábado, dois homens em uma motocicleta chamaram a atenção das equipes, e que o homem na garupa estava com uma pistola na cintura. Agentes relataram que após tentativa de abordagem, o jovem atirou contra os policiais, momento em que houve revide .  

Ainda de acordo com a PM, minutos depois, enquanto reforçavam o patrulhamento no entorno do Morro do Dendê, policiais do 17º BPM foram alvos de tiros disparados do interior da comunidade. Na sequência, manifestantes fecharam as ruas próximas e começaram a atirar pedras contra os carros e as equipes policiais. “Enquanto as equipes trabalhavam para liberar o trânsito na região, o comando do batalhão foi informado sobre uma criança baleada no interior da comunidade, sendo socorrida por familiares. Segundo informações colhidas por testemunhas, a vítima teria sido atingida no interior de sua residência. Ressaltamos que não havia operação policial no interior da comunidade”, informou a PM. 

O comandante do 17° BPM, tenente-coronel Fábio Batista Cardoso, foi afastado da administração da unidade. Segundo a PM, a decisão foi tomada para “dar maior lisura e transparência à averiguação dos fatos”.  

Lula: “Que bala perdida é essa? 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou a morte da menina Eloah Passos. “Que bala perdida é essa? Alguém atirou para aquele lado, essa bala não se perdeu. Essa bala foi atirada para aquele lado para atingir alguém e pegou uma criança de cinco anos de idade. Onde é que a gente vai parar com esse tipo de comportamento, de violência? E muitas vezes é a própria polícia que atira”, afirmou Lula, nesta segunda-feira (14), durante o programa semanal Conversa com o Presidente, transmitido pelo Canal Gov.

Outro caso 

No último dia 7, Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, morreu ao ser baleado na Cidade de Deus, comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro, durante uma operação da PM. Quatro agentes do Batalhão de Choque foram afastados provisoriamente. Na ocasião, os PMs não usavam câmeras no uniforme. 

Segundo o Instituto Fogo Cruzado,  só este ano, 16 crianças foram baleadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, sendo 12 atingidas por bala perdida. Sete morreram.”

Uma decisão do Supremo Tribunal Federal obriga que o governo do Rio de Janeiro mantenha câmeras e equipamentos de geolocalização nos uniformes dos policiais. Além da instalação dos equipamentos, a decisão determina que as imagens captadas sejam armazenadas e compartilhadas com o Ministério Público, a Defensoria Pública e vítimas de violência policial quando solicitadas.

Fonte: Agência Brasil

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