O narrador Haroldo de Souza, da Rádio Grenal, se referiu ao atacante Lucas Braga, do Santos, que é negro, como “crioulinho” durante o empate por 3 a 3 com o Grêmio, nesta quarta-feira, em Porto Alegre.
A ofensa pode ser enquadrada como crime de injúria racial.
Durante uma conversa com o repórter que acompanhava a partida válida pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro, na Arena Grêmio, Haroldo perguntou:
– Aquele crioulinho que está lá na ponta esquerda do time do Santos, quem é ele?
De acordo com o dicionário Michaelis, crioulo significa “indivíduo descendente de europeus, nascido em uma das colônias de ultramar; Aquele que nasceu escravo em países sul-americanos, por oposição aos africanos que já chegaram escravizados a esses países; Diz-se de ou indivíduo da raça negra nascido na América, por oposição ao originário da África; Diz-se de ou negro nascido no Brasil”.
Depois da repercussão do caso, Haroldo se defendeu:
– Sou filho de negro-nego Benê. Sou casado com uma mulher da raça negra. Fui criado em meio aos negros. Criei uma escola de samba com todos integrantes negros, só dois brancos e um sarará. Narrando futebol há 58 anos, muitas vezes disse:
“Quem é aquele neguinho lá na ponta”?
“Quem é aquele alemão ali no meio” ?
“E esse polaco aí quem é”?
– Peço desculpas se minha fala ofendeu alguém, mas estejam certos que não houve intenção de racismo e que minha vida pessoal e profissional são pautadas pelo respeito a toda sociedade, aos jogadores e torcedores que fazem desse esporte um grande espetáculo.
– Reitero minhas sinceras desculpas aos ouvintes que sempre nos acompanham e nos brindam com a sua audiência.
Em nota, o Santos repudiou o que disse o narrador:
O Santos FC não vem por meio desta apenas lamentar ou repudiar os termos racistas utilizados pelo narrador Haroldo de Souza, da Rádio Grenal.
Não cabem mais lamentos ou notas de repúdio sobre racismo em pleno 2021. Cabe ação e mobilização.
O Clube, através de seu Departamento Jurídico, tomará medidas cabíveis, da mesma maneira esperamos uma reação efetiva do veículo de comunicação empregador desse senhor e da própria comunidade que compõe a audiência de tal rádio.
É no silêncio, na omissão, na relativização frente ao preconceito que o racismo cresce silenciosamente e se estabelece de forma estrutural em nossa sociedade.
Basta de tolerância com racismo! Basta!
A empresa que gerencia a carreira de Lucas Braga, a MMC Sports, repudiou o comentário considerado racista em uma rede social.
por: g1.com.br