Ação coordenada pela Smads começa hoje, na colônia de pescadores que pertence ao município; Estado será consultado para saber se há como disponibilizar outros benefícios
A Prefeitura de Piracicaba, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), inicia nesta terça-feira, 23/07, o cadastramento de pescadores do bairro Tanquã, local atingido pelo desastre ecológico que matou toneladas de peixes na semana passada (leia abaixo). Com o cadastro, a Prefeitura vai garantir que essas pessoas, que têm a pesca como fonte de renda, atividade comprometida pela mortandade dos peixes, tenha direito ao recebimento de uma cesta básica. Segundo a Smads, após o cadastramento, o município vai consultar a Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo para saber se há outro tipo de benefício que possa ser direcionado a essa população.
Equipes da Smads vão montar estrutura para o cadastro durante a manhã desta terça-feira, no Bar do Carlinhos, a partir das 9h30. O cadastro será para pescadores que moram em Piracicaba. Área de Proteção Ambiental (APA), o Tanquã abrange os municípios de Anhembi, Botucatu, Dois Córregos, Santa Maria da Serra, São Pedro e Piracicaba.
Para se cadastrarem, os pescadores devem levar RG e CPF de todos os moradores da residência e, se tiver, a sua Carteira de Trabalho.
ÁREA DE PROTEÇÃO – O Tanquã-Rio Piracicaba é considerado uma Área de Proteção Ambiental (APA) desde 2018 e compreende um espaço de 14.057,3000 hectares, abrangendo os municípios de Anhembi, Botucatu, Dois Córregos, Piracicaba, Santa Maria da Serra e São Pedro.
De acordo com informações da Fundação Florestal, no local ocorrem 94 espécies de aves aquáticas, 16 das quais realizam movimentos migratórios e oito estão ameaçadas no estado. Entre os mamíferos e os répteis ameaçados de extinção, há a onça-parda, o lobo-guará, a jaguatirica e o jacaré-de-papo-amarelo. Já entre os peixes, as espécies piracanjuba, curimbatá-de-lagoa, pacu e pintado integram a lista de ameaçados de extinção.
MAIS AÇÕES – Em coletiva de imprensa realizada pela Prefeitura de Piracicaba na sexta-feira, 19/07, a Cetesb anunciou o valor da multa aplicada à Usina São José S/A Açúcar e Álcool, instalada em Rio das Pedras, que derramou resíduos da cana-de-açúcar com alta carga orgânica no ribeirão Tijuco Preto, que levou o material ao rio Piracicaba. A multa é de R$ 18 milhões.
Durante a coletiva, o prefeito de Piracicaba, Luciano Almeida, relembrou o papel decisivo das equipes da Prefeitura desde os primeiros sinais do desastre ecológico, no domingo, 07/07, o que garantiu que os culpados fossem responsabilizados.
Como forma de garantir o atendimento à população que tem como sustento o que o rio Piracicaba fornece, o prefeito disse que vai pedir que parte dos recursos da multa aplicada à Usina São José, permaneça no município para ser investida na recuperação do rio e no auxílio dessa população.
Ainda segundo Luciano Almeida, outra será o repovoamento do rio Piracicaba com alevinos, iniciativa que deve começar o mais rápido possível, comandada pela Prefeitura, com ajuda de parceiros.
Também foi anunciada a criação, por meio de decreto, do Grupo de Patrulhamento Aquático da Guarda Civil Metropolitana (GCM) com o objetivo de fiscalizar e exercer vigilância em toda a extensão do rio Piracicaba e rio Corumbataí, além de demais afluentes dos mananciais. O decreto que regulamenta a fiscalização entrou em vigor na sexta-feira, 19/07, com a publicação no Diário Oficial do município. Também como forma de evitar tragédias como esta, o prefeito, que também é presidente dos Comitês PCJ, ofereceu à Cetesb a criação de mais três pontos de monitoramento do rio, um na saída do Jaguari, outro do Atibaia e mais um no Tijuco Preto.
LIMPEZA – A força-tarefa criada pela Prefeitura de Piracicaba para retirada dos peixes mortos no bairro Tanquã recolheu 70,44 toneladas de material do rio Piracicaba até ontem, domingo, 21/07. As equipes atuam desde o dia 17/07 e trabalharam durante todo o último fim de semana; a retirada é feita de forma manual, com passaguás, e também com o auxílio de tratores aquáticos. A operação Pindi-Pirá foi idealizada pela Prefeitura de Piracicaba e tem colaboração da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e da Fundação Florestal (FF) e coordenação da Polícia Militar Ambiental e Defesa Civil do Estado de São Paulo.
Os trabalhos foram intensificados neste domingo, 21, com aumento de pessoas atuando na retirada manual, incluindo cinco guardas municipais de Piracicaba, além de efetivo da PM Ambiental e da Defesa Civil de São Paulo. Além disso, são dois hidrotratores operando simultaneamente; cada máquina consegue carregar cerca de 100 quilos de uma vez – considerando também a vegetação flutuante existente na área, já que os peixes estão acumulados no meio das plantas em diversos pontos do rio.
A força-tarefa da Prefeitura conta com as secretarias de Governo (Semgov), Infraestrutura e Meio Ambiente (Simap), Obras e Zeladoria (Semozel), Guarda Civil e a Defesa Civil, empresas parceiras e moradores locais.
A operação conta ainda com o apoio das empresas Hidrotractor, Ambiental, Ecoterra, Raizen, Tectextil, Grupo São Martinho – Usina Iracema.