Yanomamis que estavam desaparecidos são localizados, diz liderança

Os yanomamis que estavam desaparecidos em Roraima após confronto com garimpeiros foram encontrados. A afirmação foi feita pelo líder indígena Júnior Hekurari, em depoimento à Polícia Federal.

O sumiço foi denunciado pelo conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami Ye’kwana (Condisi-YY).

Segundo Hekurari, o grupo foi localizado em uma área de floresta. Isso porque os indígenas, que residiam na comunidade de Aracaçá, se mudaram para outros locais da terra indígena, dentro da comunidade Palimiú.

O motivo tem relação com a falta de proteção dos povos indígenas. Inclusive, a Hutukara Associação Yanomami reiterou nesta sexta-feira (6) que a comunidade de Aracaçá vive um cenário de violência sexual em série, iniciado em 2017.

O pronunciamento ocorreu após a Polícia Federal reforçar em coletiva realizada hoje que não encontrou indícios de crimes relatados contra os yanomamis, entre eles o de que uma menina teria sido estuprada e morta por garimpeiros, além de uma uma criança que teria sido jogada em um rio da região.

PF DIZ NÃO ACHAR INDÍCIOS DE CRIMES

A PF informou que, em incursão no território indígena, os agentes cavaram nas proximidades da aldeia na busca por restos mortais, mas nada foi encontrado. A corporação atribui o deslocamento de indígenas para a comunidade de Palimiú à suposta morte de algum familiar por causas naturais, e não por homicídio.

O aumento da exploração da Terra Indígena Yanomami pelo garimpo ilegal tem criado um cenário de terror e medo nas mais de 350 comunidades existentes no território, que sofrem com fome, exaustão, doenças e violência, incluindo abuso sexual de mulheres e crianças em troca de comida.

Em apenas um ano, a destruição provocada pelos invasores cresceu 46% em relação a 2020, um incremento de 1.038 hectares, atingindo um total acumulado de mais de 3 mil campos de futebol devastados – a maior taxa anual desde a demarcação da área, em 1992.

DENÚNCIAS DOS INDÍGENAS

Em abril, lideranças yanomamis denunciaram o assassinato de uma menina indígena de 12 anos que teria sido estuprada antes de morrer. Os indígenas também relataram que um criança de 3 anos foi jogada no rio e estava desaparecida. O caso ocorreu após suposto ataque e tentativa de sequestro de indígenas por garimpeiros.

“Os garimpeiros invadiram a comunidade levaram uma mulher e uma adolescente, de 12 anos de idade. Os garimpeiros violentaram e ocasionou o óbito. O corpo da adolescente ainda está na comunidade e vamos fazer um voo agora para trazê-la ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer os exames e constatar se ela foi abusada. A mulher tinha 28 anos e estava com uma criança de colo, que teria morrido afogada no rio”, afirmou o líder indígena Hekurari ao jornal O Globo.

PETIÇÃO POR PROTEÇÃO

Na quinta-feira (5), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) entrou uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a proteção do povo yanomami.

Também ontem, a PF prendeu o garimpeiro Eliézio Monteiro Nerj, condenado por participar do Massacre do Haximu que deixou 16 indígenas mortos em 1993.

Com informações de O Globo e Correio Braziliense.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *