O que muda no planejamento da aposentadoria com a pandemia

Consultor diz que patrimônio tem que sobreviver a múltiplas crises, porque elas não deixarão de acontecer Apesar do impacto da Covid-19 em nossas vidas, com milhões de pessoas perdendo empregos e assistindo ao derretimento de outras fontes de renda, o roteiro para a fase pós-aposentadoria não deve sofrer alterações. É o que ensina o consultor financeiro Steve Vernon, que levanta duas questões pertinentes: “em primeiro lugar, o maior problema da maioria das pessoas é não ter poupança, e é esse o objetivo que temos que perseguir desde cedo. O outro aspecto que não deve ser esquecido é que qualquer patrimônio tem que sobreviver a múltiplas crises, porque elas não deixarão de acontecer. Portanto, cuidar do próprio dinheiro é um trabalho para toda a vida, inclusive para quem se aposenta. São orientações que não mudam durante a pandemia”, afirmou num seminário on-line realizado no dia 7.
A prioridade continua sendo poupar, mas também é fundamental pagar dívidas, principalmente as com juros altos, que corroem a capacidade de economizar
Fernando Zhiminaceila por Pixabay
Ele apresentou uma lista dos fatores que podemos e não podemos controlar. O que é controlável: quanto poupamos e gastamos; os riscos que assumimos; a idade de aposentadoria; nossos planos. O que está fora do nosso alcance: a volatilidade do mercado; eventos que tragam gastos inesperados (principalmente em saúde); inflação; novos impostos; e nossa própria longevidade. O script básico que todos deveriam seguir inclui os seguintes passos: fazer um levantamento dos recursos com os quais você poderá contar quando parar de trabalhar; paralelamente, enumerar todas as despesas que terá e, em seguida, quais poderão ser cortadas. Lembrete importante: não parta do princípio de que precisará de menos dinheiro que antes, porque os custos com saúde tendem a crescer. Para Vernon, ter controle sobre essas equações fará com que as pessoas reflitam sobre a necessidade de continuar em atividade e por mais quanto tempo. “É importante saber o que cada um valoriza em sua vida”, acrescentou.
A prioridade continua sendo poupar, mas é fundamental pagar dívidas, em especial as com juros altos, que corroem a capacidade de economizar. Para os que têm imóvel, vale considerar a opção de trocá-lo por um menor, cuja manutenção seja mais barata. Os que acreditam que o investimento em imóveis é uma opção segura devem se lembrar que esse também é um mercado sujeito a crises, porque tem menos liquidez. Quem conta com um aluguel para viver pode se ver às voltas com um apartamento vazio que só dá despesas.
Num artigo escrito para a revista “Forbes”, o advogado Eric Bachman alerta para mais um efeito colateral da pandemia: o risco de o preconceito contra idosos aumentar no meio corporativo. No cenário atual, esses trabalhadores maduros fazem parte do grupo de risco para a Covid-19 e muitos estão sendo afastados do dia a dia da empresa. Quando retornarmos ao normal – ou ao “novo normal” – a possibilidade de uma outra epidemia pode se tornar um obstáculo a mais no aproveitamento da mão-de-obra sênior.